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quinta-feira, janeiro 07, 2010

Construção - Chico Buarque

E aí, o que você tem feito da sua vida, como tem construído seu futuro? Detalhe: o futuro não está lá, está aqui, a-go-ra! Como diria Mestre Oogway, o passado é história; o futuro é um mistério; o hoje é uma dádiva. É por isso que é chamado de "presente". Aproveite o dia. Faça valer a pena.

Construção - Chico Buarque
Composição: Chico Buarque


Amou daquela vez como se fosse a última

Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego

Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho seu como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo
Bebeu e soluçou como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público

Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contra-mão atrapalhando o sábado

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

Noite dos Mascarados - Chico & Elis

Ai, ai.

É Brasil. É Carnaval.

Não estamos na crise, não! Impressão sua, minha sinhá e meu sinhô!

São milhões de reais que circulam pelo Sambódromo, outros mais pela Sapucaí. Dentro e fora deles.
É coisa do Turismo, com T maiúsculo! Hotéis, bordéis, os Arcos da Lapa, os vendedores ambulantes, as camisinhas, as bordadeiras das fantasias, a venda dos pavões cruelmente assassinados por suas penas, os futuros coquetéis para SIDA (Sindrome da ImunoDeficiência Adquirida, para os mais lesadinhos que não sabem que AIDS é uma sigla importada) que serão vendidos daqui alguns meses aos mais imprudentes, os terninhos de madeira pra quem bebeu demais e saiu dirigindo...

É, minha gente! É Carnaval! Sambemos nós, se é que alguém ainda usa o subjuntivo pra alguma coisa...
Não há miséria, não há mortes, nem arrastões. Muito menos seres ignóbeis que ocupam a Assembleia e o Planalto (ops, esqueci: estão vazios, porque é Carnaval).

O Brasil só volta a funcionar (o Brasil funciona???) depois do Carnaval.
O mais importante é se soltar, e ser feliiiiiz! Aháháhá!

Como a hipocrisia brasileira me incomoda. Principalmente no Carnaval e no Natal. Bando de gente imbecil!

Mas com nem tudo é essa merda, segue musik do Chico, que pode ser ouvida na voz da maravilhosa Elis Regina se você clicar bem aqui! (O vídeo é tosquinho, mas o que vale é a canção).

Noite Dos Mascarados (Ft. Elis Regina)
Composição: Chico Buarque

[Chico]
Quem é você?

[Elis]
Adivinha se gosta de mim

[Coro]
Hoje os dois mascarados
Procuram os seus namorados
Perguntando assim

[Chico]
Quem é você?, diga logo

[Elis]
Que eu quero saber o seu jogo

[Chico]
Que eu quero morrer no seu bloco

[Elis]
Que eu quero me arder no seu fogo

[Chico]
Eu sou seresteiro, poeta e cantor

[Elis]
O meu tempo inteiro só zombo do amor

[Chico]
Eu tenho um pandeiro

[Elis]
Só quero um violão

[Chico]
Eu nado em dinheiro

[Elis]
Não tenho um tostão
Fui porta-estandarte, não sei mais dançar

[Chico]
Eu, modéstia à parte, nasci para sambar

[Elis]
Eu sou tão menina

[Chico]
Meu tempo passou

[Elis]
Eu sou Colombina

[Chico]
Eu sou Pierrot

[Coro]
Mas é Carnaval, não me diga mais quem é você
Amanhã tudo volta ao normal
Deixa a festa acabar
Deixa o barco correr
Deixa o dia raiar
Que hoje eu sou da maneira
Que você me quer
O que você pedir, eu lhe dou
Seja você quem for
Seja o que Deus quiser
Seja você quem for
Seja o que Deus quiser

Nessa época de marcinha e baile de máscara, aaaah, isso sim que deveria ser Carnaval.
Aí a galera curtia, se divertia, sem extravagâncias. Sim, sim, com sacanagem e putaria, mas sem esse falso glamour televisivo que a gente é impelido a engolir. E sem milhões de reais jogados no lixo.

Eu sempre penso: nasci na época errada...

domingo, dezembro 21, 2008

Então É Natal - Simone

Ah, chegamos a mais uma comemoração maravilhosa da parte ocidental do mundo! O Natal, uma das épocas mais belas e hipócritas do ano...

Ai, ai...
Que coisa linda!
É tudo tão mágico nessa época... Acompanhe!

A Rua Normandia no suprasumo do simulacro paulista burguês, no meio de Moema, com neve artifical caindo "do céu" e encantando e hipnotizando crianças inocentes, bem como adultos alienados.

Casas com papais noéis de plástico em chaminés também de plástico (tirando no Sul do Brasil, e um ou outro lugar muito muito frio, quem em sã consciência põe uma lareira em casa??? Quando não tem, vai de plástico, mesmo... Só quem quer aparecer, usa terno e gravata sob 40°C e vive sob o modelo europeu de mundo, pra fazer uma dessas, uauhauh).

Pessoas exalando pseudo-felicidade e exercendo pseudo-compaixão, doando meia dúzia de cestas básicas pra algum asilo ou abrigo qualquer (sem pensar nos outros seis meses, e em roupas, remédios, carinho, atenção e amor, etc).

Gente correndo que nem louca por shoppings center, gastando o décimo terceiro que mal entrou, comprando roupa nova em 19 vezes sem juros pra manter o status de chique, outras disputando a tapa o pedaço mais carnudo do bacalhau, ou do pernil, sem nem ao menos pensar na vida animal que foi gerada, criada, crescida e depois brutalmente assassinada só para o deleite de "confraternização e amor" natalinos.

Na ceia de natal, muito animal morto, cereais e nozes levemente calóricas (isso foi uma ironia, em conta que em pleno verão deveríamos comer coisas leves, como saladas e frutinhas refrescantes, e não coisas de alimentação de INVERNO). Pessoas da família que se odeiam relevando tudo até o dia 1º de janeiro só porque tirou o infeliz o amigo secreto....

Ah, a ceia me fez lembrar em inverno, e falando em nisso (sem falar nos que passam o Natal debaixo da ponte), o Natal, ainda enquanto comemorado como evento religioso, certinho, bonitinho como deveria ser, cristão (há muitas eras atrás, não acha?), tem base pagã?

Hahá, peguei você! Isso mesmo. A época sempre foi propícia para vinda de "messias" em religiões pré-cristãs, e Midras ilustra isso, por exemplo. Mais uma coisinha que a sagrada (outra ironia) igreja católica apostólica romana chupinhou por aí... Nota 10!

Ah, e estamos entrando hoje no VERÃO!!!! Essas coisas, pouca gente lembra... E coloca o primo velho e gordo todo encapuzado pra enganar as crianças... huauhahu... Papai Noel viria pro Brasil de bermudão, e pegando logo água de côco, minha gente!

Enfim, eu poderia falar muita, mas muita coisa sobre o evento banal no qual o Natal foi transformado nessa sociedade de consumo. Mas, sabe, eu preciso correr pro shopping, agora, antes que acabem os estoques. HUAuhauhauhaAUHAUHUHA.

Deixo a você, como presente, uma musik do John Lennon. Mas que todo mundo acha que é da Simone. Não, não é. Ela é pior que a musiquinha da Globo, ficou pra lá de banalizada e todo mundo canta sorrindo de orelha a orelha (isso me lembra A Ópera do Malando, do Chico Buarque, mas fica pra outro post).

Porém, se nos dermos ao luxo de prestar atenção na letra (hoje é difícil quem pensa), uhm, ela permeia a falsidade do Natal. Mesmo errando ao dizer "a festa cristã" e sendo utopista que a paz chega igual a todos, mostra onde a máscara é frouxa e pode cair. Deveria cair de todos. Entrentanto, a maioria é persiste e não desiste nunca...

Então É Natal - Simone
Composição: John Lennon e Yoko Ono
Versão: Claudio Rabello

Então é Natal, e o que você fez?
O ano termina, e nasce outra vez.
Então é Natal, a festa Cristã.
Do velho e do novo, do amor como um todo.
Então bom Natal, e um ano novo também.
Que seja feliz quem souber o que é o bem.

Então é Natal, pro enfermo e pro são.
Pro rico e pro pobre, num só coração.
Então bom Natal, pro branco e pro negro.
Amarelo e vermelho, pra paz afinal.
Então bom Natal, e um ano novo também.
Que seja feliz quem souber o que é o bem.

Então é Natal, o que a gente fez?
O ano termina, e começa outra vez.
E Então é Natal, a festa Cristã.
Do velho e do novo, o amor como um todo.
Então bom Natal, e um ano novo também.
Que seja feliz quem souber o que é o bem.

Harehama, Há quem ama.
Harehama, ha...
Então é Natal, e o que você fez?
O ano termina, e nasce outra vez.
Hiroshima, Nagasaki, Mururoa...

É Natal, É Natal, É Natal.


O que você fez?
O ano acaba, e no próximo ano? Não mais Hiroshima... Quem sabe continuamos com Bagdá, Palestina...

Rico e pobre com um só coração? Um só coração só novela do plim plim!


O melhor dessa musik, pra mim, é "
que seja feliz quem souber o que é o bem". E aos outros? Ah, esses não pensam, e bem, vão continuar com suas vidas artificiais... =ppp

Inté!


P.S.: ando super zen, mas o Natal hoje em dia é irritante...